PERSONAGENS DO ANO NOVO NA CULTURA RUSSA

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A versão do Papai Noel na Rússia é o Ded Moroz (Дед Мороз), que pode ser traduzido como Vô Gelo.

Esta figura tem origem nas lendas e nos contos folclóricos eslavos e russos, por este motivo não se sabe ao certo sua origem. Algumas lendas dizem que ele é o deus do inverno, da tempestade e do mau tempo, e outras sugerem que ele nasceu a partir da imagem de Morozko, que foi um poderoso herói e ferreiro que ajudava as pessoas e presenteava-as com presentes impressionantes.

Há muito tempo Ded Moroz tornou-se o símbolo do inverno e do Ano Novo Russo.

Ele normalmente traja camisa e calça feitas de linho, casaco de pele com comprimento até o tornozelo e bordado com estrelas e cruzes prateadas, um chapéu vermelho, também bordado com pérolas, luvas e um cinto branco largo. Nos pés, luxuosas botas de cano alto com ornamentação de prata.

Ded Moroz sempre aparece com um cajado de prata ou cristal e geralmente está acompanhado por sua neta Snegúrotchka, andando em um trenó puxado por três cavalos.

Neta?

Sim!

Snegúrotchka (Снегурочка) também é uma figura do inverno e das festas de Ano Novo na Rússia. Ela apareceu pela primeira vez no século XIX, e há duas versões mais populares da sua história.

Na primeira versão, conforme o conto popular publicado em 1869 por Alexander Afanásyev no segundo volume de sua obra “Visões poéticas dos eslavos sobre a natureza”, os camponeses russos sem filhos Ivan e Márya fizeram uma boneca de neve, que ganhou vida e se tornou uma moça muito bonita. Certo dia, um grupo de meninas a convida para passear no bosque e depois fazem uma pequena fogueira para pularem por cima desta; quando chega a vez de Snegúrotchka, ela começa a pular, mas só chega na metade do caminho antes de evaporar em uma pequena nuvem.

Na outra versão, Snegúrotchka é filha da deusa Primavera e do deus Gelo (Ded Moroz).

Por ser feita de flocos de neve, seus pais, com medo de que Iarilo, deus Sol, a derretesse, pediram a seu amigo, o Espírito da Floresta, que a protegesse. Ele prometeu mantê-la a salvo do deus Sol enquanto o amor de um homem não entrasse em seu coração.

Assim, eles deixaram Snegúrotchka na floresta, onde ela vagou por muito tempo, triste e solitária até que chegou à casa de um velho casal que havia tentado, por anos, ter filhos, mas sem sucesso. Seus dias eram muito solitários e suas noites muito tristes, porque eles não tinham crianças para lhes fazer companhia.

Quando o velho casal a viu, achou-a tão bonita e agradável que a convidou para ficar com eles e ser sua filha. Por muito tempo, Snegúrotchka foi muito feliz vivendo com o casal.

No entanto, um dia ela estava olhando pela janela e viu um grupo de jovens dançando em comemoração a Máslenitsa (a chegada da primavera). Quando eles a viram, a convidaram para juntar-se a eles.

Enquanto ela se divertia dançando com eles, um jovem pastor de ovelhas, chamado Lel, apaixonou-se por ela. Ele cantou lindas canções e tocou para ela sua flauta. Depois desse dia, ele a visitou sempre. Era comum ser visto embaixo de sua janela, tocando sua flauta e implorando que ela fosse com ele. Ela lembrou-se do aviso do Espírito da Floresta e endureceu seu coração para as súplicas de Lel.

Toda noite, durante o verão, os jovens dançaram em círculo e cantaram canções sobre o amor. Snegúrotchka ficou muito triste porque seus amigos estavam todos apaixonados, mas ela não sentia nenhum amor em seu coração.

Em um encontro com sua mãe, na floresta, ela contou o quanto estava triste porque não podia amar ninguém. Então a Mãe Primavera decidiu que poderia deixar Snegúrotchka amar ao menos uma vez e deu a ela uma grinalda de flores para aquecer seu coração, ao mesmo tempo alegre porque sua filhinha descobriria o amor e triste porque sabia o que o destino reservaria a ela.

Quando Snegúrotchka voltou da floresta para casa, Lel estava esperando por ela debaixo de sua janela. Ela pediu que ele cantasse suas canções e tocasse flauta. Enquanto ela ouvia as belas canções de amor, seu coração se aqueceu e Snegúrotchka se apaixonou por Lel. Eles tiveram uma noite maravilhosa na companhia um do outro, cantando e dançando com seus amigos. Mas, ao raiar do dia, com os primeiros raios do deus Sol, ela começou a derreter. O amor de um homem havia penetrado em seu coração.”

Esta versão da história foi transformada em uma peça por Aleksandr Ostróvsky, com música incidental de Tchaikovsky em 1873.

Em 1878, o compositor Ludwig Minkus e o mestre de ballet Marius Petipa encenaram uma adaptação para o ballet de Snegúrotchka intitulada A Filha das Neves para o balé imperial do czar.

O conto também foi adaptado para uma ópera de Nikolai Rimsky-Korsakov intitulada “A donzela de neve: um conto de fadas da primavera” (1880 a 1881) e para dois filmes soviéticos: um filme de animação em 1952 com algumas músicas de Rimsky-Korsakov, também chamado “Snegúrotchka”, e um filme de ação ao vivo em 1969, dirigido por Pável Kádochnikov, com música de Vladislav Kladnítski.

No final do Império Russo, a figura de Snegúrotchka era usada na decoração da árvore de Natal. Após a Revolução Bouchevique, o Natal parou de ser celebrado oficialmente, e assim na época soviética, a partir dos anos 30, Snegúrotchka adquiriu o papel de neta e ajudante do Vô Gelo na celebração do Ano Novo. Nesse papel, ela usa um longo manto azul prateado e um gorro peludo ou uma coroa semelhante a um floco de neve.

 

 

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